domingo, 9 de dezembro de 2007

ETAP - ESCOLA PROFISSIONAL ORGANIZOU CONFERÊNCIA SOBRE "TOLERÂNCIA E MULTICULTURALIDADE:DESAFIOS DO SÉCULO XXI"











No âmbito do Projecto Interdisciplinar de Turma do 11º ano (dos cursos de Técnico de Recepção e Técnico de Restauração), o pólo de Vila Praia de Âncora da ETAP convidou algumas personalidades nacionais e internacionais para debater o problema da intolerância e os desafios do século XXI.

Assim, no passado dia 4 de Dezembro, o Auditório do Instituto Politécnico de Viana do Castelo encheu-se para ouvir as reflexões dos oradores convidados que abordaram problemas como a paz, o bulling, a imigração, a emigração, a interculturalidade, a multiculturalidade ou o património.



PRÉMIO NOBEL DA PAZ DEFENDEU A EDUCAÇÃO PARA UMA CIDADANIA GLOBAL



O prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo, defendeu uma educação para a cidadania global de modo a que as novas gerações olhem de uma forma nova para a guerra e não a vejam como uma fatalidade e, ao mesmo tempo, se consciencializem da sua responsabilidade para com todos os homens.


O Bispo emérito de Díli - Timor sustentou que é necessário condenar com "firmeza a guerra" e que a paz, permanentemente sob ameaça, só será alcançada com a "erradicação " das injustiças e das desigualdades, das invejas e das desconfianças.
O passo a dar chama-se solidariedade exercitada entre nações e povos, provendo às necessidades básicas de todos os homens. Nesta relação, frisou o prelado, a "verdade" é um pilar fundamental para a eliminação de toda e qualquer segregação que há-de ser aprofundada numa cultura de justiça ao reconhecer direitos e deveres a todos.
Um dos desafios fortes do novo século, assinalou D. Ximenes Belo, é "estabelecer bases de educação para uma nova cultura da paz". Esta educação que deverá envolver da família à sociedade em geral, passando por todas as outras estruturas de governo e participação, acredita, mobilizará as pessoas para uma "cidadania global" com uma noção bem assimilada de que os direitos e deveres de cada homem superam as fronteiras de qualquer Estado nação.
D. Ximenes Belo colocou ainda como desafio do século XXI o necessário último passo civilizacional para a paz: acreditar que ela é possível e que as diferenças da "Família Humana" devem ser resolvidas através do "diálogo, respeito e da verdade".



CARLOS POIARES E A "CIVILIZAÇÃO DE PLÁSTICO"


O psicólogo forense Carlos Poiares chamou a atenção para a "civilização de plástico" que se está a construir onde "o dar é mais fácil do que o dar-se", sublinhando que o ser humano se torna mais pobre cada vez que troca "emoções por cifrões".
Numa bem-humorada intervenção lamentou que na sociedade portuguesa se esteja a desperdiçar a riqueza de outras culturas que vêm até nós fruto da imigração e que lhe dói muito ouvir gente de emigrantes a serem xenófobos. "Se todos os que cá estão fossem para a sua terra, a nossa economia ficava no charco" por falta de mão-de-obra, explicou.


O Director da Faculdade de Psicologia da Universidade Lusófona diz que os nossos medos da diferença e a hiper-valorização de nós próprios estão a causar o "ocaso" da solidariedade, em particular, intergeracional.
Referindo-se ao problema do Bulling nas escolas, Carlos Poiares, aludiu ao "autismo social" em que vivemos como causa primeira da falta de tolerância, da ausência de partilha e da violência. Para este professor, a tolerância significa a capacidade de "olhar os outros nos olhos" e que a partilha "não é estar ao lado do outro mas estar com o outro". Concluiu afirmando que as crianças não aprendem a violência na escola porque ela é uma prática comum da sociedade actual, o "bulling social".



Durante a parte da tarde, passaram pela mesa de conferências representantes de algumas instituições que trabalham directamente os temas da multiculturalidade como o Alto-comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (Dra. Isabel Ferreira Martins), Gabinete de Estudos para o Desenvolvimento da Escola Superior de Educação de Viana do Castelo (Dra. Elisabete Salinori), Associación Ponte nas Ondas (Dr. Santiago Veloso) e Associação Portuguesa Social e Cultural de Pontault-Combault (Sr. Mário Castilho).
A Dra. Isabel Ferreira Martins, abordou as questões da imigração e da globalização no Portugal do século XXI, fazendo um retrato social dos imigrantes que actualmente vivem em Portugal e partilhou com os presentes o trabalho que o Alto-comissariado tem vindo a desenvolver no sentido de melhor integrar os imigrantes partindo de uma base intercultural.
Para a Dra. Elisabete Salinori é importante ter presente os conceitos de multiculturalidade e interculturalidade tendo afirmado a inevitável construção da cultura humana como multicultural devido ao contacto com o outro. Apresentou ainda o labor que o GEDE tem realizado em prol do apoio ao desenvolvimento em África.

Representando a Associación Ponte nas Ondas que pretende que a UNESCO eleve a património da Humanidade o aglomerado de Tui e Valença, o professor galego Santiago Veloso, defendeu a persistência da cultura para além dos limites geográficos. Tendo afirmado que "as fronteiras estão na cabeça das pessoas e não na natureza".
Mário Castilho falou da experiência dos emigrantes em França e a preocupação que estes devem ter para que os seus filhos não entrem na leva xenófoba e racista para com os árabes e africanos. Falou da importância que os portugueses tiveram na construção da França do pós-guerra e as condições difíceis em que viveram quando chegaram àquele país.
O presidente da APSC falou ainda da dificuldade que os emigrantes sentiam em reintegrar-se na sociedade portuguesa e reivindicou do Estado português a agilização dos processos burocráticos para que os emigrantes possam receber as reformas e os contributos sociais a que têm direito.
Parabéns aos alunos, professores e funcionários por terem acreditado e concretizado este projecto!

sábado, 8 de dezembro de 2007

Prémio Nobel da Paz quer educação para a cidadania global


O prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo, defendeu ontem, em Viana do Castelo, uma educação para a cidadania global de modo a que as novas gerações olhem de uma forma nova para a guerra e não a vejam como uma fatalidade e, ao mesmo tempo, se consciencializem da sua responsabilidade para com todos os homens.
Intervindo no colóquio “Tolerância e multiculturalidades: desafios do século XXI”, o Bispo emérito de Díli – Timor sustentou que é necessário condenar com «firmeza a guerra» e que a paz, permanentemente sob ameaça, só será alcançada com a «erradicação » das injustiças e das desigualdades, das invejas e das desconfianças.
O passo a dar chama-se solidariedade exercitada entre nações e povos, provendo às necessidades básicas de todos os homens. Nesta relação, frisou o prelado, a «verdade» é um pilar fundamental para a eliminação de toda e qualquer segregação que há-de ser aprofundada numa cultura de justiça ao reconhecer direitos e deveres a todos.
Um dos desafios fortes do novo século, assinalou D. Ximenes Belo, é «estabelecer bases de educação para uma nova cultura da paz». Esta educação que deverá envolver da família à sociedade em geral, passando por todas as outras estruturas de governo e participação, acredita, mobilizará as pessoas para uma «cidadania global» com uma noção bem assimilada de que os direitos e deveres de cada homem superam as fronteiras de qualquer Estado nação.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

PROGRAMA DA CONFERÊNCIA

PROGRAMA
DIA 4 DE DEZEMBRO DE 2007

CONFERÊNCIA – “TOLERÂNCIA E MULTICULTURALIDADE: DESAFIOS DO SÉCULO XXI

AUDITÓRIO DO IPVC – VIANA DO CASTELO

PERÍODO DA MANHÃ

09H30 – CERIMÓNIA DE ABERTURA
- Director da Escola
- Câmara Municipal de Viana do Castelo

10H00

CONFERÊNCIA

- Nota Introdutória – ALUNOS ETAP – VPA

PAINEL I

“Paz e Tolerância: desafios do século XXI”
Orador: D. Ximenes Belo – Prémio Nobel da Paz 1996

Coffee-break servido pelos alunos 11º ano Restauração


“A Escola e o Bulling : Multiculturalidade e Tolerância”
Orador: Professor Carlos Poiares – Psicólogo Forense e Director da Faculdade de Psicologia da Universidade Lusófona – Lisboa

- Debate

INTERVALO PARA ALMOÇO


PERÍODO DA TARDE

14H30

- Painel II

“A Cultura da Multiculturalidade”
Orador: Doutora Elizabete Salinori (GEDE / Escola Superior de Educação)

"Multiculturalidade e Autonomias na Sociedade Global do Século XXI"
Orador: Dr. Santiago Veloso - Associación Ponte nas Ondas

“Imigração e Globalização no Portugal do Século XXI”
Orador – Dra. Isabel Ferreira Martins – Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural


Coffee-break servido pelos alunos do 11º Ano Restauração


“A França Portuguesa: as gerações do Século XXI”
Orador: Mário Castilho – APSC (Pontault – Combault, Paris)


“ Desporto e Convívio Multiétnico”
Orador: Vítor Baía – Futebol Clube do Porto SAD – Presidente da Fundação Vítor Baía 99


17H30 Encerramento

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Carlos Poiares


CARLOS ALBERTO POIARES nasceu em Lisboa em 1956. Licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, é doutorado em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.


É Director e Professor Catedrático do Departamento de Psicologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.



É tambem Coordenador do 2º Ciclo em Psicologia Forense e da Exclusão Social daquele Departamento.



Foi autor e coordenador do programa LISBOA, CIDADE DA PSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO DESVIANTE E DA EXCLUSÃO SOCIAL, e fundador do PSIJUS – ASSOCIÇÃO para a INTERVENÇÃO JUSPSICOLÓGICA, a cuja direcção preside desde a fundação (2001).



Autor de diversos trabalhos na área da Psicologia Criminal, da Justiça e da Exclusão Social; publicou dezenas de artigos e vários livros na área científica a que se dedica.
Integrou o Conselho Técnico-científico do INSTITUTO PORTUGUÊS da DROGA e da TOXICODEPENDÊNCIA e foi director do PANÓPTICO – CENTRO de ESTUDOS de PSICOLOGIA FORENSE.



Foi agraciado, em 2006, pelo Senhor Presidente da República, com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique

Ana Catarina Mendes


Nasceu em Setúbal a 14 de Janeiro de 1973, é licenciada em Direito e além de Deputada à Assembleia da República exerce a profissão de advogada. É ainda vereadora da Câmara Municipal de Almada.


Enquanto deputada, a Dra. Ana Catarina Mendes, integra a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e aComissão de Assuntos Europeus (CGP).


Do seu currículum destacam-se o cargo de Deputada Municipal no município de Almada (1993/1997) e o exercício como parlamentar nas VII, VIII, IX e X Legislatura.

A Imigração em Portugal


O processo de imigração em Portugal teve vários momentos, desde a fixação de diferentes povos no processo de criação da nação portuguesa ao longo de milhares de anos, passando pelo mundo dos dias de hoje, com a imigração proveniente das suas ex-colónias, da Europa de Leste, ou, até mesmo, a imigração sénior de luxo proveniente de outros países da união europeia, que devido à criação desse espaço comum e ao desejo dos europeus do Norte da Europa se fixarem nos países do Sul para passarem o resto das suas vidas, depois de uma vida de trabalho.


Portugal, tal como a Espanha, passou de um país de emigração para um país de imigração, ou seja, a entrada de pessoas é superior à saída.


As maiores comunidades imigrantes legais em Portugal (em 2005) foram os Brasileiros, Ucranianos, Cabo-Verdianos e Angolanos . No entanto, todas estas comunidades foram as maiores em diferentes anos, que foi sendo rapidamente suplantada por outras provenientes de ondas migratórias mais recentes.


Até aos anos 90 do século XX, a maioria da imigração em Portugal era oriunda de países lusófonos, dada a proximidade cultural e linguística. No entanto, a partir de 1999, começou-se a moldar um tipo de imigração diferente e em massa proveniente da Europa de Leste, surgindo repentinamente no país.


Este grande fluxo migratório muito se deveu à abertura das fronteiras da União Europeia por parte da Alemanha, em 1999. No entanto, devido à escassez de empregos indiferenciados nesse país fez com que estes migrassem para sul, para a Península Ibérica, onde existiam grandes necessidades de mão-de-obra para a construção civil e agricultura nos dois países ibéricos.


A maioria desses imigrantes estava dividida em dois grupos, os eslavos: ucranianos, russos e búlgaros, e os latinos de leste: romenos e moldavos.


Um dos maiores grupos e que se fixou nas regiões de Lisboa, Setúbal, Faro e Porto são os ucranianos, e ninguém sabe ao certo o seu número total. No entanto, o número de imigrantes legais, é de cerca de 70 000, sabendo que este número é muitas vezes inferior à realidade. O grupo é de tal forma numeroso que fez com que a Ucrânia de país distante e desconhecido passasse a familiar e que a maioria dos imigrantes de leste seja vista pelos portugueses como "ucranianos".


A imigração de leste tornou-se de difícil controlo, e começaram a actuar no país máfias que traziam e controlavam imigrantes.


Em 2003, a imigração em massa proveniente do leste europeu estacou e passou a ser de fluxo mais leve, surgindo assim a imigração mais significativa de brasileiors e asiáticos de várias origens (nomeadamente indianos e chineses).


Existem ainda pequenos núcleos de imigrantes provenientes da América Latina e do Norte de África.

Regionalização


O que é a Regionalização?


As Regiões Administrativas são autarquias de âmbito regional. São parte do Poder Local. São entidades intermédias, situadas entre o Poder Central e os municípios, eleitos pelas populações e destinadas a complementar a acção municipal. É assim que a Constituição da República as consagra e define estabelecendo que a organização autárquica no país é constituída pelas freguesias, municípios e regiões administrativas. É esta parcela das instituições locais cuja criação está em debate.


A criação das Regiões Administrativas corresponderá no fundamental à possibilidade de conferir, através da eleição directa pelos cidadãos, legitimidade e representatividade democrática a um poder regional não eleito que já hoje exerce um conjunto de funções e competências de nível supra municipal sem qualquer controlo das populações e dos próprios municípios.


Que benefícios podem resultar da regionalização?


A regionalização é um factor de democratização. Com efeito, a todos os níveis de poder, da freguesia aos órgãos de soberania, existem órgãos democraticamente eleitos. Ora, a nível regional também existem órgãos de poder, com destaque para as Comissões de Coordenação Regional e outros serviços periféricos dos ministérios, só que os titulares dos cargos que os dirigem não são legitimados através do voto popular e não respondem pelos seus actos perante as populações. Esta «Administração periférica do Estado» tem vindo, aliás, a tornar-se cada vez mais importante, sem que a sua actividade seja controlada pelas populações e sem que o «poder regional» responda através do voto periódico perante os eleitores.


Em segundo lugar, a regionalização é um instrumento que favorece a democracia participativa. É conhecido o facto de a aproximação dos serviços públicos em relação às populações e a legitimação do poder através do voto popular constituir um estímulo à participação, se nesse sentido se verificar a necessária vontade política. As possibilidades de participação são infinitamente maiores quando existem eleitos do que quando se verifica a nomeação por parte do Governo Central.


Em terceiro lugar, a regionalização pode favorecer o desenvolvimento. Com efeito, a regionalização pode não ser uma condição necessária nem suficiente do desenvolvimento, mas também é inquestionável que a existência de regiões e de um sistema democrático representativo ao nível regional pode estimular os serviços públicos, contribuindo para a sua dinamização. O próprio facto de o poder regional ter que responder pelos seus actos em eleições competitivas pode dinamizar o investimento público. Além disso, tendo o desenvolvimento uma dimensão não apenas económica, mas também social, cultural e ambiental, o poder regional democrático e as suas actividades podem ser um factor benéfico e uma contribuição importante para o assegurar. Acresce ainda que um sistema de finanças regionais que garanta maior investimento onde há maior atraso pode ser um instrumento de correcção de assimetrias.


Em quarto lugar, a regionalização é condição de uma reforma administrativa democrática, que dê coerência à administração periférica do Estado e permita descentralizar e desburocratizar. Ainda hoje existem oitenta divisões «regionais» diferentes consoante os diversos serviços públicos, obrigando em grande parte do País o cidadão a encaminhar-se para cidades diferentes consoante os problemas que tem a tratar.


As regiões podem prejudicar os municípios?


As regiões não só não prejudicam os municípios como devem ser um instrumento que contribua para a sua afirmação e reforço. Quem afirma que os municípios seriam prejudicados com a regionalização omite que a Constituição impede que sejam afectados os seus poderes (artigo 257º). Omite igualmente que as regiões serão criadas para apoiar os municípios e para se encarregarem de tarefas que, não havendo vantagem em dependerem da Administração Central, também não podem ser descentralizadas para os municípios devido à dimensão das questões envolvidas.


Os que agora combatem a regionalização, em nome dos municípios, são os mesmos que durante anos têm atacado a sua autonomia e negado os meios indispensáveis ao pleno exercício das suas funções.


Argumenta-se que sendo Portugal um país com pouca população a criação das regiões não assume a importância que justificou a sua concretização noutros países. Tem isto fundamento?
Seguramente que não. Em primeiro lugar porque a criação de regiões ou de instituições a elas equiparadas se verifica em países de dimensão e população semelhante ou mesmo menores que as nossas, como é exemplo a Dinamarca.


Em segundo lugar porque mesmo em países de maior dimensão coexistem re-giões maiores com outras que não apresentarão diferença comparativamente às que provavelmente venham a ser criadas em Portugal. Por exemplo em Espanha onde a dimensão média das regiões ronda os 2,2 milhões de habitantes há as que não ultrapassam os 250 mil. Na Dinamarca a população das 14 regiões varia entre 200 e 600 mil habitantes. Em França há regiões com 270 e 700 mil habitantes. Na Itália onde as regiões apresentam uma população média de 2,8 milhões a menos populosa conta com 115 mil. Mesmo na Alemanha há regiões que abrangem uma população de 1,5 milhões de habitantes ou seja significativamente menores que pelo menos 2 das possíveis regiões administrativas a criar em Portugal.


As regiões podem representar a criação de uma nova burocracia e novas clientelas?


A burocracia dos ministérios instalada nas regiões já existe. Imiscui-se constantemente no funcionamento dos municípios, tem um papel essencial na gestão dos fundos comunitários. É a burocracia que o PSD controlou e em nome da qual disse em 1994 que não queria mais burocracia, nem alargar a "classe política". Por isso, já há "burocracias regionais", e poderosas, que se tentam apresentar junto da Comunidade Europeia como dispondo de legitimidade. São elas que representam as "regiões" de Portugal na CE e em várias instâncias a nível internacional. As regiões administrativas não seriam uma nova burocracia, mas sim a possibilidade de democratizar a administração dos ministérios instalada nos territórios do País e combater a burocracia já existente.


O que são as Comissões de Coordenação Regionais (CCR)?


As CCR não são mais do que estruturas desconcentradas da Administração Central criadas e desenvolvidas para uma intervenção crescente na definição e execução de políticas regionais. Desde a sua criação em 1979 (na sequência das Comissões de Planeamento Regional de Marcello Caetano) até hoje as suas competências e poderes foram sendo progressivamente ampliadas.
Note-se que a definição das suas funções, que inicialmente se apresentava circunscrita a acções de apoio e coordenação à actividade das autarquias, evoluiu de modo a que hoje se assumem como organizações incumbidas de coordenar e executar as medidas de interesse para o desenvolvimento das respectivas regiões.


A inexistência de regiões contribui de alguma forma para a acentuada e desigual repartição dos recursos públicos entre os níveis centrais e locais da Administração?


Indiscutivelmente que sim. Os orçamentos das instituições locais no seu conjunto representam comparativamente ao respectivo Produto Interno Bruto (PIB) entre 8 e 9% na França, Bélgica e Alemanha e entre 14 a 20% na Itália, Holanda e Inglaterra. Se se tiver em conta que em Portugal este valor não atinge os 5% poder-se-á concluir do prejuízo que tal constitui particularmente se atendermos que o nível de administração local rentabiliza superiormente o dinheiro público como se poderá verificar pelo facto de as autarquias locais serem responsáveis por mais de 25% do total do investimento público dispondo apenas de 8% dos respectivos recursos.

Mas a criação das regiões não virá a traduzir-se num aumento substancial do número de efectivos da administração publica?


Nada indica que assim seja. Repare-se que por exemplo em França e na Itália, países onde a regionalização tem algum significado, o número de efectivos concentrados nas instituições regionais é de apenas de 0,4 e 2,0 % do total de efectivos sediados no total dos vários níveis da administração local.


Tem algum fundamento a acusação de que a regionalização estava a ser feita de cima para baixo e longe da participação das populações?


Essa é uma das várias acusações sem fundamento difundidas pelos que se opõem à regionalização. Ao processo de criação das Regiões Administrativas é inerente uma alargada participação de todas as assembleias municipais.


Se for montado o mecanismo previsto pela Constituição (o chamado "referendo orgânico ou indirecto") e adoptada a solução proposta pelo PCP, as coisas em concreto passar-se-iam assim. Numa primeira fase a Assembleia da República procede a uma primeira consulta aos 275 municípios do Continente da qual resultará um contributo para o trabalho com vista à aprovação da Lei de Criação.


Após a aprovação desta, é aberta uma nova fase de consulta às assembleias municipais, destinada ao seu pronunciamento face à proposta de área da região que em concreto é proposta na Lei de Criação. Desta fase pode resultar por deliberação dos municípios, a confirmação das áreas propostas ou, pelo contrário, a sua alteração seja por cisão ou fusão de áreas regionais ou ainda a simples opção de transferência de um ou mais municípios entre 2 regiões diferentes com as quais confine.


Nos casos em que desta consulta resulte um parecer favorável de todas as assembleias municipais, a Assembleia da República aprova a chamada Lei de instituição em concreto.
Em todos os outros casos haverá ainda necessidade de uma terceira consulta envolvendo as assembleias municipais das regiões envolvidas nas eventuais propostas de cisão, fusão ou transferências.


A instituição em concreto depende sempre da aprovação de 2/3 das assembleias municipais que representem a maioria da população envolvida.


Se tivermos ainda em conta que seguramente muitas das assembleias municipais procurarão , antes da emissão do seu parecer, proceder a um debate e auscultação da população e agentes locais para fundamentarem a sua posição é fácil constatar que a acusação de uma regionalização repentina e feita sem participação é uma falsidade.


Mas afirma-se que sem referendo as regiões não terão legitimidade...


As regiões a serem aprovadas terão a legitimidade que resulta da própria representatividade da Assembleia da República; e, ao mesmo tempo, da legitimidade dos municípios e da ampla intervenção popular que deve ser assegurada. As próprias regiões a instituir deverão ter as áreas que resultarem do debate e da emissão de opiniões pelas assembleias municipais.


A intervenção municipal é particularmente importante porque as regiões devem ser concebidas como servindo para unir os municípios a partir da base e não para o dividir a partir do centro.

Tianamen


A 4 de Junho de 1989, após um protesto de estudantes e outros pacíficos na praça Tiananmen, Capital de Pequim, contra a corrupção e reformas políticas e democráticas da Republica Popular da China, o Exercito confrontou violentamente os manifestantes com tropas e tanques do Exército, causando centenas de mortos e milhares de feridos.


Os protestos consistiam em marchas (caminhadas) pacíficas nas ruas de Pequim e aconteceram entre 15 de Abril a 4 de Junho de 1989.


Os manifestantes (em torno de cem mil), eram oriundos de diferentes grupos, desde intelectuais que acreditavam que o governo do Partido Comunista era demasiado repressivo e corrupto, a trabalhadores da cidade que acreditavam que as reformas económicas na China haviam sido lentas e que a inflação e o desemprego estavam dificultando suas vidas.


Em 1989, a partir de 15 de Abril multiplicaram-se as manifestações em Pequim, exigindo democracia e reformas políticas. Predominantemente estudantil, o movimento mobilizou também trabalhadores e estendeu-se a outras cidades da China.


Em 4 de Maio de 1989, aproximadamente 100.000 estudantes e trabalhadores marcharam pacificamente nas ruas de Pequim exigindo reformas democráticas, adesão a princípios socialistas de igualdade, e para protestar contra a corrupção de governo do país.


Em 20 de Maio o governo declarou lei marcial. No entanto, as demonstrações de protestos continuaram.


O massacre de 1989 continua a ser um assunto proibido na China, à excepção de Hong Kong e Macau, onde se realizarão actos diversos recordando a repressão de Tiananmen.

Pensa-se que dezenas de pessoas continuam presas na China, por terem estado envolvidas no movimento pró-democracia de 1989, mas os serviços oficiais de estatística ainda não divulgaram o número exacto.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Bernardo Vieira e Sousa: ao serviço dos imigrantes, servindo Portugal


Bernardo Manuel Vieira e Sousa, nasceu em Lisboa no dia 22 de Agosto de 1976 e é, desde Julho de 2006, o Chefe de Gabinete do Alto-comissário para a Imigração e Diálogo Intercultural.

Da sua experiência profissional destacam-se as seguintes funções: Adjunto do Alto-comissário (2005/2006); Assessor do Alto-comissário (2002/2005); Gestor de projecto em Timor-Leste, pela Organização não Governamental 12 de Novembro, em regime de voluntariado (2001); Funções na Triunfo Produtos Alimentares, S.A. (199872002); Gestor de contas nacionais (2002/2003); Gestor do Canal de Exportação (2000/2001); Gestor de Informação Comercial (1998/1999).
Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (1994/1998) fez a parte curricular do mestrado em Sociologia Económica (ISEG, 2001-2002). Pós-graduado em Ciência Política (ISEG, 2002-2003) e especializou-se em “Gestão de Projectos em parceria” no ISCTE (2005).

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Anxo Quintana: "Abrir a Autonomia para uma melhor defesa da Galiza"


Anxo Manuel Quintana González nasceu em Allariz no dia 25 de Fevereiro de 1959 e é licenciado em Enfermagem pela Universidade de Vigo. Trabalhou no Hospital Cristal Piñor de Ourense e foi nomeado sócio honorário da Sociedade de Medicina Geral pelo contributo na melhoria dos cuidados primários nos meios rurais.

Desde jovem que colabora na introdução do sindicalismo agrário nacionalista na província de Ourense. Em 1982 participou na fundação do Bloco Nacionalista Galego e um ano mais tarde é eleito vereador da Câmara Municipal de Allariz.

Em 1989, dois anos depois das eleições autárquicas e coincidindo com uma época de seca que deixou o rio e as fontes sem água, uma revolta popular expulsa o presidente da câmara e colocam Quintana no seu lugar. Nas eleições autárquicas de 1991, é eleito Presidente da Câmara, cargo que desempenhará até 2000. Entre 1995 e 2000, ocupa também a Vice- Presidência da Federação Galega de Municípios e Províncias (FEGAMP).
Durante o mandato de Quintana, Allariz recebeu o prémio do Conselho Europeu do Urbanismo pelo “ordenamento e recuperação do conjunto histórico e do seu rio” (1994) e é uma das vilas seleccionadas para representar Espanha no concurso Habitat da ONU que reconhece os municípios que se destacam na defesa do desenvolvimento sustentável.

Quintana passa a ocupar o cargo de Senador por designação autonómica na Câmara Territorial do Estado em 1999, como único representante do Bloco Nacionalista Galego. Actualmente é o porta-voz do Grupo Misto.

A Xª Assembleia do Bloco Nacionalista Galego, celebrada em 2002, designa Anxo Quintana, coordenador da Comissão Executiva Nacional.


Desde Agosto de 2005 que é Vice-Presidente da Xunta da Galiza num governo de coligação com o Partido Socialista da Galiza.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

D. Ximenes Belo: «O Homem é um ser para a Liberdade.»




«Estou aqui essencialmente como a voz do povo sem voz (...) que quer o término da violência e o respeito pelos direitos humanos.»


Carlos Filipe Ximenes Belo (nascido em 3 de Fevereiro de 1948), bispo da Igreja Católica que, em conjunto com José Ramos-Horta, foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz de 1996, pelo seu trabalho "em prol de uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste".

Quinto filho de Domingos Vaz Filipe e de Ermelinda Baptista Filipe, Carlos Filipe Ximenes Belo nasceu na aldeia de Uailacama, concelho (hoje distrito) de Baucau, na costa norte do então Timor Português. O seu pai, professor primário, faleceu quando o jovem Carlos Filipe tinha apenas dois anos de idade. Os anos de infância foram passados nas escolas católicas de Baucau e Ossu, antes de ingressar no seminário de Daré, nos arredores de Díli, formando-se em 1968. Exceptuando um pequeno período entre 1974 e 1976 -- quando esteve em Timor e em Macau --, entre 1969 e 1981, Ximenes Belo repartiu o seu tempo entre Portugal e Roma, onde se tornou membro da congregação dos Salesianos e estudou filosofia e teologia antes de ser ordenado padre em 1980.

De regresso a Timor-Leste em Julho de 1981, Ximenes Belo esteve ligado ao Colégio Salesiano de Fatumaca, onde foi professor e director. Quando em 1983 se reformou Martinho da Costa Lopes, Carlos Filipe Ximenes Belo foi nomeado administrador apostólico da diocese de Díli, tornando-se chefe da igreja em Timor-Leste, respondendo exclusivamente perante o papa. Em 1988, em Lorium, Itália, foi consagrado como bispo.

A nomeação de Ximenes Belo foi do agrado do núncio apostólico em Jacarta e dos próprios líderes indonésios pela sua aparente submissão. No entanto, cinco meses bastaram para que, num sermão na sé catedral, Ximenes Belo tecesse veementes protestos contra as brutalidades do massacre de Craras em 1983, perpetrado pela Indonésia. Nos dias de ocupação, a igreja era a única instituição capaz de comunicar com o mundo exterior, o que levou Ximenes Belo a enviar sucessivas cartas a personalidades em todo o mundo, tentando vencer o isolamento imposto pelos indonésios e o desinteresse de grande parte da comunidade internacional e da própria Igreja Católica.

Em Fevereiro de 1989 Ximenes Belo escreveu ao presidente de Portugal, Mário Soares, ao papa João Paulo II e ao secretário-geral da ONU, Javier Pérez de Cuellar, reclamando por um referendo sob os auspícios da ONU sobre o futuro de Timor-Leste e pela ajuda internacional ao povo timorense que estava "a morrer como povo e como nação". No entanto, quando a carta dirigida à ONU se tornou pública em Abril, Ximenes Belo tornou-se uma figura pouco querida pelas autoridades indonésias. Esta situação veio a piorar ainda mais quando o bispo deu abrigo na sua própria casa a jovens que tinham escapado ao massacre de Santa Cruz (1991) e denunciou os números das vítimas mortais.

A sua obra corajosa em prol dos timorenses e em busca da paz e da reconciliação foi internacionalmente reconhecida quando, em conjunto com José Ramos-Horta, lhe foi entregue o Prémio Nobel da Paz em Dezembro de 1996. Na sequência deste reconhecimento, Ximenes Belo teve oportunidade de se reunir com Bill Clinton dos Estados Unidos e Nelson Mandela da África do Sul.

Após a independência de Timor-Leste, a 20 de Maio de 2002, a saúde do bispo começou a esmorecer perante a pressão dos acontecimentos que tinha vivido. O papa João Paulo II aceitou a sua demissão como administrador apostólico de Díli em 26 de Novembro de 2002. Após se ter retirado, Ximenes Belo viajou para Portugal para receber tratamento médico. No início de 2004, houve numerosos pedidos para que se candidatasse à presidência da república de Timor-Leste. No entanto, em Maio de 2004 declarou à televisão estatal portuguesa RTP que não autorizaria que o seu nome fosse considerado para nomeação. "Decidi deixar a política para os políticos" -- afirmou.

Com a saúde restabelecida, em meados de 2004 Ximenes Belo aceitou a ordem da Santa Sé para fazer trabalho de missionação na diocese de Maputo, como membro da congregação dos Salesianos em Moçambique.
É com grande orgulho que a ETAP - Escola Profissional (Vila Praia de Âncora) recebe este homem de fé e de paz cujo pedido pelo povo Maubere ainda hoje ecoa no Mundo: "Não se esqueçam de Timor!"

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Tolerância e Multiculturalidade: Desafios do Séc.XXI

Vivemos hoje num mundo em constante globalização onde, ideias e pessoas, ultrapassam fronteiras em quantidades nunca vistas na história da Humanidade. Este movimento dinâmico modifica profundamente as sociedades pós-modernas.

Sociedades etnicamente centradas caminham agora, pela primeira vez, para a convivência multiétnica desenvolvendo-se padrões de diversidade cultural, social, tecnológico, ideológico… numa mesma unidade geográfica.Diariamente interagimos com pessoas diferentes que pensam e têm uma aparência diferente em resultado das migrações.
Como sempre, os fóbicos deste modelo multiétnico, pressentem o fim da tradição e dos bons costumes e, consequentemente, a perda da identidade cultural dos povos. Já os defensores deste novo mundo, étnicos e culturalmente complexo, adivinham a tolerância pela diversidade cultural como um universo que encerra em si o espírito da verdadeira sociedade cosmopolita.
A Cultura da Multiculturalidade conquistou a atenção dos mais diversos agentes sociais do nosso tempo: políticos, religiosos, económicos, culturais…Por que estamos atentos à realidade e aos sinais dos tempos, convidamos algumas personalidades que foram – e/ou são – protagonistas deste enredo que é a história dos povos a reflectir connosco os desafios do século XXI no próximo dia 4 de Dezembro no auditório do IPVC (Viana do Castelo).
O evento conta com o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Instituto Português da Juventude, Instituto Politécnico de Viana do Castelo e Região do Turismo do Alto-Minho, numa organização das turmas do 11ºano dos cursos de Técnico de Recepçao e Técnico de Restauração do pólo de Vila Praia de Âncora.