domingo, 9 de dezembro de 2007

ETAP - ESCOLA PROFISSIONAL ORGANIZOU CONFERÊNCIA SOBRE "TOLERÂNCIA E MULTICULTURALIDADE:DESAFIOS DO SÉCULO XXI"











No âmbito do Projecto Interdisciplinar de Turma do 11º ano (dos cursos de Técnico de Recepção e Técnico de Restauração), o pólo de Vila Praia de Âncora da ETAP convidou algumas personalidades nacionais e internacionais para debater o problema da intolerância e os desafios do século XXI.

Assim, no passado dia 4 de Dezembro, o Auditório do Instituto Politécnico de Viana do Castelo encheu-se para ouvir as reflexões dos oradores convidados que abordaram problemas como a paz, o bulling, a imigração, a emigração, a interculturalidade, a multiculturalidade ou o património.



PRÉMIO NOBEL DA PAZ DEFENDEU A EDUCAÇÃO PARA UMA CIDADANIA GLOBAL



O prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo, defendeu uma educação para a cidadania global de modo a que as novas gerações olhem de uma forma nova para a guerra e não a vejam como uma fatalidade e, ao mesmo tempo, se consciencializem da sua responsabilidade para com todos os homens.


O Bispo emérito de Díli - Timor sustentou que é necessário condenar com "firmeza a guerra" e que a paz, permanentemente sob ameaça, só será alcançada com a "erradicação " das injustiças e das desigualdades, das invejas e das desconfianças.
O passo a dar chama-se solidariedade exercitada entre nações e povos, provendo às necessidades básicas de todos os homens. Nesta relação, frisou o prelado, a "verdade" é um pilar fundamental para a eliminação de toda e qualquer segregação que há-de ser aprofundada numa cultura de justiça ao reconhecer direitos e deveres a todos.
Um dos desafios fortes do novo século, assinalou D. Ximenes Belo, é "estabelecer bases de educação para uma nova cultura da paz". Esta educação que deverá envolver da família à sociedade em geral, passando por todas as outras estruturas de governo e participação, acredita, mobilizará as pessoas para uma "cidadania global" com uma noção bem assimilada de que os direitos e deveres de cada homem superam as fronteiras de qualquer Estado nação.
D. Ximenes Belo colocou ainda como desafio do século XXI o necessário último passo civilizacional para a paz: acreditar que ela é possível e que as diferenças da "Família Humana" devem ser resolvidas através do "diálogo, respeito e da verdade".



CARLOS POIARES E A "CIVILIZAÇÃO DE PLÁSTICO"


O psicólogo forense Carlos Poiares chamou a atenção para a "civilização de plástico" que se está a construir onde "o dar é mais fácil do que o dar-se", sublinhando que o ser humano se torna mais pobre cada vez que troca "emoções por cifrões".
Numa bem-humorada intervenção lamentou que na sociedade portuguesa se esteja a desperdiçar a riqueza de outras culturas que vêm até nós fruto da imigração e que lhe dói muito ouvir gente de emigrantes a serem xenófobos. "Se todos os que cá estão fossem para a sua terra, a nossa economia ficava no charco" por falta de mão-de-obra, explicou.


O Director da Faculdade de Psicologia da Universidade Lusófona diz que os nossos medos da diferença e a hiper-valorização de nós próprios estão a causar o "ocaso" da solidariedade, em particular, intergeracional.
Referindo-se ao problema do Bulling nas escolas, Carlos Poiares, aludiu ao "autismo social" em que vivemos como causa primeira da falta de tolerância, da ausência de partilha e da violência. Para este professor, a tolerância significa a capacidade de "olhar os outros nos olhos" e que a partilha "não é estar ao lado do outro mas estar com o outro". Concluiu afirmando que as crianças não aprendem a violência na escola porque ela é uma prática comum da sociedade actual, o "bulling social".



Durante a parte da tarde, passaram pela mesa de conferências representantes de algumas instituições que trabalham directamente os temas da multiculturalidade como o Alto-comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (Dra. Isabel Ferreira Martins), Gabinete de Estudos para o Desenvolvimento da Escola Superior de Educação de Viana do Castelo (Dra. Elisabete Salinori), Associación Ponte nas Ondas (Dr. Santiago Veloso) e Associação Portuguesa Social e Cultural de Pontault-Combault (Sr. Mário Castilho).
A Dra. Isabel Ferreira Martins, abordou as questões da imigração e da globalização no Portugal do século XXI, fazendo um retrato social dos imigrantes que actualmente vivem em Portugal e partilhou com os presentes o trabalho que o Alto-comissariado tem vindo a desenvolver no sentido de melhor integrar os imigrantes partindo de uma base intercultural.
Para a Dra. Elisabete Salinori é importante ter presente os conceitos de multiculturalidade e interculturalidade tendo afirmado a inevitável construção da cultura humana como multicultural devido ao contacto com o outro. Apresentou ainda o labor que o GEDE tem realizado em prol do apoio ao desenvolvimento em África.

Representando a Associación Ponte nas Ondas que pretende que a UNESCO eleve a património da Humanidade o aglomerado de Tui e Valença, o professor galego Santiago Veloso, defendeu a persistência da cultura para além dos limites geográficos. Tendo afirmado que "as fronteiras estão na cabeça das pessoas e não na natureza".
Mário Castilho falou da experiência dos emigrantes em França e a preocupação que estes devem ter para que os seus filhos não entrem na leva xenófoba e racista para com os árabes e africanos. Falou da importância que os portugueses tiveram na construção da França do pós-guerra e as condições difíceis em que viveram quando chegaram àquele país.
O presidente da APSC falou ainda da dificuldade que os emigrantes sentiam em reintegrar-se na sociedade portuguesa e reivindicou do Estado português a agilização dos processos burocráticos para que os emigrantes possam receber as reformas e os contributos sociais a que têm direito.
Parabéns aos alunos, professores e funcionários por terem acreditado e concretizado este projecto!

1 comentário:

Anónimo disse...

A MELHOR PARTE DA CONFERENÇIA FOI A DO DR. CARLOS POIARES. PK SOUBE CATIVAR A ATENÇAO DAS PESSOAS. E TEN UMA MANEIRA DE FALAR MT ATRACTIVA